top of page
Buscar

Como dietas gordurosas podem afetar o funcionamento cerebral?




Cada vez mais pesquisas têm demonstrado uma possível relação entre a dieta humana e doenças cerebrais e mentais.  


Em um estudo recente, pesquisadores da Universidade do Colorado mostraram que uma dieta rica em gorduras parece estar diretamente relacionada a um relevante aumento na incidência de transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade. O mecanismo proposto é que uma proporção aumentada de gorduras no intestino acaba levando a um desequilíbrio das bactérias ali presentes. O microbioma intestinal alterado pode influenciar nas substâncias químicas cerebrais - a suspeita é que se muda o revestimento intestinal, de forma a permitir que certos tipos de bactérias entrem na circulação, e também que se altere a comunicação entre intestino e cérebro através do nervo vago (possivelmente, alterando neurotransmissores, deposição de proteínas e o estrese oxidativo nas células cerebrais).


Quando o hábito de comer comidas gordurosas torna-se um comportamento, ou seja, essa dieta é ingerida com frequencia e por muito tempo, há importante impacto na saúde cerebral a longo prazo. Outras linhas de pesquisa têm apontado com cada vez maior acurácia uma provável relação desse fator alimentar com o risco de desenvolver doenças neurodegenerativas no futuro (como Parkinson e Alzheimer, pex), por um mecanismo ainda pouco elucidado.


Na contramão desse cenário, surpreendentemente, gorduras saudáveis como as encontradas no peixe, no azeite e nas nozes, parecem ser benéficas para o cérebro, e podem neutralizar os efeitos negativos de uma dieta rica em gordura ruins. Temos visto crescentes evidências de que esse tipo de dieta (chamada mediterrânea – rica em peixes, verduras, nozes, legumes, azeite) pode reduzir o risco de diversos tipos de doenças, como Infarto do miocárdio, AVC,Câncer, Parkinson e Alzheimer. Uma ampla revisão dos impactos das Dietas na saúde humana, publicada recentemente no The England Journal of Medicine (um dos periódicos mais prestigiados) mostrou dados robustos, envolvendo mais de 12 milhões de pacientes, de que a dieta do Mediterrâneo provoca esses benefícios, possivelmente por reduzir a taxa de colesterol sérica e o estresse oxidativo celular, aumentando a sensibilidade à Insulina e funções antitrombóticas endotelilais.


O grande problema é que a sociedade caminha no sentido contrário ao comportamento que esses grandes estudos sugerem. Não surpreendem as taxas crescentes de doenças cardio e cerebrovasculares, neurodegenerativas  e oncológicas na população. Gerações sedentárias e viciadas em fast-food (realmente, o consumo de comidas gordurosas parece ser viciante, com estímulos ao circuito de recompensa cerebral) estão fadadas a perecerem de graves doenças no futuro. Os que escaparem de um infarto/AVC, estão sujeitos ao câncer, ao Alzheimer, ao Parkinson, e a transtornos mentais no meio do caminho. O que nos salva é a informação, e a mudança comportamental. Pesquise sobre a Dieta do Mediterrâneo, busque ajuda de um Nutricionista, e procure melhorar a sua alimentação - por você e por sua  família. Nunca é tarde para tomar o rumo certo.



Fontes:

- Noronha et al. High-fat diet, microbiome-gut-brain axis signaling, and anxiety-like behavior in male rats. Biological Research. 2024; 57: 23-24.

 - Yannakoulia M, Scarmeas N. Diets. The New England Journal of Medicine.  2024; 390:2098-2106

 
 
 

Comments


bottom of page